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Doghouse (2009) ***1/2

Recém divorciado, Vince é compelido por seus amigos – que também passam por complicações em relacionamentos amorosos – a passar um fim de semana no interior de Londres a fim de afogar as mágoas. Ao chegarem, os rapazes são surpreendidos por um vilarejo morto e, ironicamente, por mulheres zumbificadas extremamente ameaçadoras.

Impossível não comparar Doghouse com ‘Shaun of the Dead’, já que ambos são filmes ingleses que misturam mortos-vivos e comédia de maneira ágil e divertida. Os heróis, infelizmente, não são nenhum Simon Pegg ou Nick Frost e o destaque fica por conta das mulheres-zumbis cheias de estilo e sede de sangue.

Doghouse, portanto, é a tentativa de superação de Vince e a luta dele e de seus amigos, pela sobrevivência. O filme é bem dirigido, os efeitos são caprichados e o roteiro não deixa de ser divertido apesar de ser baseado em uma piada só. ‘Shaun of the Dead’ continua no topo e há de permanecer lá por muito tempo.


Sick Girl (2007) ***1/2

Independente, de baixo-orçamento, com atores não muito experientes, mas vigoroso em sua brutalidade, Sick Girl é um filme simples, curto, direto e chocante. A garota doente do título chama-se Izzy (Leslie Andrews), mora em uma fazenda com o irmão caçula, é apaixonada pelo irmão mais velho que foi para a guerra e aparentemente não tem pais, nem nenhuma ocupação.

Sem muita explicação, ela entra em uma fúria psicótica, mata várias pessoas, seqüestra outras e protege o seu irmãozinho de colegas valentões, usando métodos nada ortodoxos.  A paisagem bucólica se transforma no cenário de indizíveis atrocidades, que só vendo para crer.

A violência, porém, não é apenas gráfica, mas também, psicológica. O que poderia ser apenas mais um slasher ou um torture porn, ganha crédito graças a um roteiro coerente, cheio de reviravoltas e bons diálogos, e, principalmente, personagens bem desenvolvidos. Izzy, por exemplo, já tem garantido um lugar na galeria dos grandes vilões (mesmo sendo de pequena estatura e menina).

Sick Girl é filmado de maneira realista e apesar do baixo orçamento consegue ter uma qualidade de imagem muito boa. Lembra filmes dos anos 70, como The Last House on the Left e The Texas Chainsaw Massacre pela crueza e maldade. Enfim, Sick Girl não tem inibições; é violento, provocativo, de mau gosto e, engraçado (?); quem tiver estômago, que aprecie essa indigesta combinação.


Feast (2005) ***1/2

Com cortes rápidos, imagens tremidas e muita ação, Feast é o do tipo de filme “piscou, perdeu”.  Mistura comédia e terror de um jeito ágil, com uma trama que acompanha a noite de uns caipiras sitiados em um bar no meio do nada por criaturas monstruosas.

Vários personagens estão presentes no local quando um casal ensangüentado surge perseguido pelos estranhos seres. Não demora muito e vários deles são trucidados de maneira grotesca e impiedosa. Com idéias pouco brilhantes, os rústicos sobreviventes  (a maioria desprovida de inteligência) se dão muito mal em quase todas as tentativas de escapar ou destruir seus algozes.

Não é explicado de onde vêm os monstros, nem qual a intenção deles. Algumas pessoas são devoradas, mas também é possível que eles só queiram se divertir a custa do pânico alheio.

As criaturas são reveladas aos poucos e não decepcionam: são bem assustadoras e ameaçadoras. Em geral, os efeitos especiais são muito bem realizados; e apesar da segunda metade ser escura e com imagens mais confusas, não é difícil apreciar os mesmos.

O destaque, porém, é o roteiro anti-clichês e politicamente incorreto; que se por um lado não deixa o filme completamente imprevisível e surpreendente, pelo menos diverte.


Jennifer’s Body (2009) **1/2

Devil’s Kettle era uma cidadezinha pacata do interior dos Estados Unidos onde nada interessante acontecia… Até o dia em que a banda Low Shoulder vai tocar em um bar local e o lugar pega fogo, matando várias pessoas. Jennifer (Megan Fox) e sua melhor amiga Needy (Amanda Seyfried) estavam presentes no show e após terem escapado do incêndio, Jennifer é levada pela banda, e quando retorna, não é mais a mesma.

Mas apenas Needy percebe que há algo de errado com Jennifer; até seu namoradinho Chip (Johnny Simmons) não acredita nela, já que está mais preocupado em outros interesses da sua idade. Sua preocupação aumenta quando alguns outros colegas de escola são assassinados violentamente e Jennifer apresenta comportamentos estranhos e uma aparência que alterna do muito saudável ao extremamente cansada.

Enquanto isso, os habitantes da cidade se dividem entre os traumatizados e os animados com os novos acontecimentos e os rapazes do Low Shoulder ganham fama por serem considerados heróis nacionais, e uma de suas músicas vira hino de união e superação após a tragédia.

O filme não faz segredo de que Jennifer se transformou em algum tipo de demônio que precisa de sangue para sobreviver (ou continuar bela) e nem do fato de que a sua única razão de existir é mostrar a beleza de Megan Fox.  Até a amizade entre Jennifer e Needy, que existe desde a infância – e podia ser algo simpático ao espectador -, logo se transforma em tensão sexual, para depois se transformar em rixa ciumenta em relação ao garoto Chip.

A direção é colorida e fofa, mas não passa muito disso. Fica confuso saber se o filme é sobre um demônio sensual devorador de homens, uma garota em busca de orientação sexual, um comovente retrato de uma tragédia, uma banda de rock querendo fama; tudo isso, ou mais provavelmente, sobre nada disso.  A conclusão explica porque Needy está no manicômio (no início do filme), o que houve com Jennifer quando saiu com a banda e tem até uma surpresa divertida bem no final.

É cheio de papo furado, situações inconsistentes e imagens sensuais de Jennifer. Quem é fã de Diablo Cody deve gostar e achar alguma lógica genial no filme. Eu não sou. Como no trabalho anterior da roteirista, há várias referências, mas nada muito especial, só me lembro que Jennifer’s Body é o nome de uma música da banda Hole e, para mostrar que não é mera coincidência, Violet toca no final.


The Final Destination (2009) ***

Com o exato mesmo esquema dos filmes anteriores, The Final Destination se diferencia dos outros três apenas por ser 3-D (o que deve ser uma experiência muito divertida no cinema). Esse negócio da morte espreitar por todos os lados, tornando atividades rotineiras e objetos ordinários grandes ameaças, é muito interessante. Se fosse levado a sério, poderia causar medo e sustos genuínos no espectador.

No caso desta franquia, nem a vida nem a morte são levados muito a sério: viva, a grande parte dos personagens é tola e, morta, causa uma leve repugnância passageira (já que não sobra muito tempo para lamentações e tomadas longas).

Aqui, as premonições acontecem em uma corrida de carros e envolvem dois casais de jovens, o segurança do evento, um caipira racista, uma mulher – mãe de duas crianças -, e um mecânico.  As mortes não são muito criativas, mas a cadeia de fatores que leva aos acidentes é extremamente complexa e, às vezes, difícil de acompanhar.

Em tom leve e de brincadeira, os personagens vão levando suas vidinhas, ora paranóicos, ora aliviados; mas a morte não sossega até ver eles todos com suas vísceras espalhadas pelo caminho.  E não é isso que um fã da série espera?

Obs: Uma pena o ator Justin Welborn ser desperdiçado em um papel tão pequeno, já que ele se mostrou talentoso, carismático e capaz de segurar papéis mais importantes em outros filmes do gênero como The Signal e Dance of the Dead.


Zombieland (2009) ****

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Zombieland acertou em cheio na mistura de terror, comédia e ação. É divertimento do começo ao fim, para aqueles que procuram um filme despretensioso, com momentos especiais em um cenário devastador. Porém, pode não agradar quem não suporta personagens estereotipados e suas peculiaridades.

A introdução e a abertura são excelentes. Narrada por um jovem universitário, nomeado apenas de Columbus (Jesse Eisenberg), conhecemos sua lista de regras de sobrevivência e em câmera lenta vislumbramos os ataques iniciais dos zumbis. Tímido e sistemático como todos os nerds, Columbus tenta voltar para casa e no caminho encontra o caipira durão Tallahassee (Woody Harrellson) e as irmãs Witchita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin).

Aí o filme se torna um road movie e, enquanto exploram os lugares deserto de humanos, o jovem conhece o verdadeiro valor de uma família e até se apaixona. Apesar de a trama enfocar principalmente a relação entre os quatro desajustados que nunca conviveriam no mundo normal, as cenas de ação não são deixadas de lado. Os zumbis são extremamente energéticos, ameaçadores e o filme não pega leve na nojeira e na violência.

Além de tudo isso, Zombieland conta ainda com uma participação especialíssima do ator Bill Murray (muito engraçado como sempre) e de Amber Heard (de All the Boys Love Mandy Lane), que está se tornando a scream queen favorita da atualidade. Vale a pena, também, prestar atenção em uma bela canção épica original (creio eu), que toca na grande batalha final e na segunda metade dos créditos. Alguns  detalhes a mais, que engrandecem o filme e tornam a experiência de assisti-lo ainda mais divertida.