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Legion (2010) **1/2

A idéia inicial de Legion é interessante: anjos musculosos, com grandes asas negras e armaduras medievais, a serviço de Deus contra a humanidade. Infelizmente, para complicar e tentar dar um ar de profundidade às razões da ira de Deus, da rebelião do anjo Miguel e do foco da narrativa em pessoas isoladas em um restaurante de beira de estrada, os realizadores pisam em terreno desconhecido e o filme perde grande parte da graça e do propósito.

Em 80% do tempo, os personagens estão choramingando sentimentalismos de botequim ou sendo atacados por possuídos mutantes. Os anjos, em sua glória exterminadora, só aparecem perto do final, quando a cabeça do espectador está ocupada tentando acreditar se realmente viu ou não uma velhinha aracnídea e um sorveteiro gafanhoto.

O começo a la Terminator, os vinte minutos finais  e a escolha do ator Kevin Durand (que fez o fodástico mercenário Keamy em Lost) para o papel de anjo Gabriel são o melhor que Legion pode oferecer. Enfim, não é um filme para ser levado a sério, muito pouco tem de terror ou de substância e quem não se irritar com atuações e cenários melodramáticos, pode se divertir.


2012 (2009) **1/2

Ninguém acaba com o mundo de uma maneira tão alegre como Roland Emmerich. Quando assistimos a um filme dele, terremotos, tsunamis e explosões vulcânicas catastróficas (em escala mundial), a perda de bilhões de vida e o desespero de poucos sobreviventes parecem tão divertidos quanto fogos de artifício, um show de golfinhos adestrados ou uma volta de montanha russa.

2012, calendário Maia, alinhamento planetário, erupção solar, neutrinos mutantes, aquecimento do núcleo da Terra, inversão dos pólos… Se não entendeu como isso tudo conspira para o fim do mundo, não precisa ficar abatido; Emmerich é muito generoso com as pessoas burras e, em uma cena bem legal, tudo é explicado com desenhos. Sério!

E como nos outros filmes do diretor, o fim do mundo é o melhor cenário para se reconciliar com a família, para uma paquera e para unir todas as nações. Sem se esquecer, também, do costumeiro melodrama e das piadas em momentos impróprios.

A catástrofe higiênica (quase não vemos uma gota de sangue ou cadáveres) é milimetricamente coreografada, e o herói-trabalhador-e-pai-de-família representado por John Cusack e sua trupe, sempre escapam por muito pouco da morte, que parece persegui-los de perto.

Mas 2012 não é apenas um entretenimento sádico, é também um filme cansativo. 2h30 é tempo demais para ficar  acompanhando personagens chatos, atuações no automático (para não dizer que foram interpretadas com desdém), exagero de cenas de fuga espetaculosas e discussões entre políticos e burocratas. Mas isso já era esperado, o que importa mesmo são as miniaturas, os efeitos digitais e a destruição, que são convincentes e entregam o que é esperado.


Dead Air (2009) **1/2

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Bem, nada pior do que começar uma resenha dizendo que Dead Air é o primo pobre de Pontypool. Infelizmente, é a primeira coisa que me vem à mente, já que os dois filmes têm trama e palco parecidos. Mas enquanto Pontypool entrega exatamente o que promete, este filme é deficiente na narrativa, na direção e a fotografia parece de produção dos anos 90 feita especialmente para a TV.

A maior parte da ação se dá dentro de um estúdio de rádio, durante a transmissão de um programa de sucesso.  Quatro pessoas trabalham na produção, sendo dois deles interpretados por figuras bem conhecidas dos fãs de horror: Bill Moseley (de The Devil’s Rejects) e Patricia Tallman (da refilmagem de 1990 de  Night of the Living Dead).

O dia, aparentemente ordinário, é abalado por uma série de ataques terroristas com arma biológica (cometidos por homens árabes), que deixa as vítimas sem consciência e agressivas, exatamente como os zumbis ou maníacos de 28 Days Later ou [REC].

Sitiados no estúdio, que fica em um prédio alto, os personagens buscam mais informações sobre o incidente e, atordoados, tentam se comunicar com suas famílias. A narrativa também acompanha o drama dos terroristas, a mulher e filha do radialista, o caos da cidade e algumas tentativas de sair do edifício.

Apesar do bom desempenho dos atores principais, o filme é arrastado e não consegue manter o interesse durante seus minutos de duração.  As sensações de claustrofobia e perigo iminente, que seriam muito bem-vindas nesse tipo de filme também deixam a desejar. Um confronto inesperado e uma mensagem no final são pretensiosamente politizados e soam confusos e desnecessários. Termina diferentemente de outros filmes similares, pelo menos.


Carriers (2009) **1/2

Depois de grande parte de a humanidade morrer infectada por um vírus, os irmãos Danny e Brian, e mais duas garotas, Bobby (a namorada de Danny) e Kate, pegam a estrada em direção à praia onde costumavam ir quando eram crianças. Inevitavelmente, cruzam com outros sobreviventes, que assim como eles, fazem de tudo para se manterem a salvo do vírus ou conseguirem alguma ajuda.

Carriers não acrescenta nada de novo nesse gênero de filme que poderia ser chamado de “road movie de sobrevivência pós-apocalíptica”. Entre momentos descontraídos e tensos, o grupo percorre estradas secundárias e passa por cidadezinhas devastadas, mas nada realmente interessante ou surpreendente acontece. O estilo da filmagem é bem tradicional, nada que valha uma nota.

O ponto do filme é mostrar a dificuldade em viver em grupo (ainda mais numa situação extrema como essa) e se vale a pena fazer tudo para sobreviver e terminar sozinho. Infelizmente, é difícil se importar com algum dos personagens; os  principais – com suas máscaras expressivas -, são rasos, arrogantes e, ainda por cima, irritantes. Os diálogos soam extremamente melodramáticos e forçados e as atuações são fracas.


Zombieland (2009) ****

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Zombieland acertou em cheio na mistura de terror, comédia e ação. É divertimento do começo ao fim, para aqueles que procuram um filme despretensioso, com momentos especiais em um cenário devastador. Porém, pode não agradar quem não suporta personagens estereotipados e suas peculiaridades.

A introdução e a abertura são excelentes. Narrada por um jovem universitário, nomeado apenas de Columbus (Jesse Eisenberg), conhecemos sua lista de regras de sobrevivência e em câmera lenta vislumbramos os ataques iniciais dos zumbis. Tímido e sistemático como todos os nerds, Columbus tenta voltar para casa e no caminho encontra o caipira durão Tallahassee (Woody Harrellson) e as irmãs Witchita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin).

Aí o filme se torna um road movie e, enquanto exploram os lugares deserto de humanos, o jovem conhece o verdadeiro valor de uma família e até se apaixona. Apesar de a trama enfocar principalmente a relação entre os quatro desajustados que nunca conviveriam no mundo normal, as cenas de ação não são deixadas de lado. Os zumbis são extremamente energéticos, ameaçadores e o filme não pega leve na nojeira e na violência.

Além de tudo isso, Zombieland conta ainda com uma participação especialíssima do ator Bill Murray (muito engraçado como sempre) e de Amber Heard (de All the Boys Love Mandy Lane), que está se tornando a scream queen favorita da atualidade. Vale a pena, também, prestar atenção em uma bela canção épica original (creio eu), que toca na grande batalha final e na segunda metade dos créditos. Alguns  detalhes a mais, que engrandecem o filme e tornam a experiência de assisti-lo ainda mais divertida.


Colin (2008) ****

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Diz a “lenda” que Colin foi produzido por apenas £45 (mais ou menos R$130) e, apesar de parecer um filme experimental feito por estudantes, tem um acabamento final muito profissional e satisfatório.

A trama é focada no zumbi Colin: acompanhamos seu lento vagar por um subúrbio em caos e conhecemos um pouco a sua história e a luta pela sobrevivência de algumas pessoas que ele encontra pelo caminho.

O filme mescla bem cenas lentas, emocionantes, contemplativas e introspectivas com as de violência e gore.  Câmeras trepidantes e escuridão também são elementos utilizados no filme.

As tomadas são muito inspiradas, os efeitos especiais e sonoros e a maquiagem (apesar de simples) são realistas e bem realizados e os atores são muito esforçados. É um ótimo exemplo de que é possível fazer um filme decente, criativo e sério com um orçamento minúsculo nas mãos de um diretor talentoso.

E Colin, no final das contas, é um zumbi muito simpático. Não chega a ser um Bub, mas com certeza tem o seu lugar no hall dos mortos-vivos memoráveis.